A importância das Comunidades Online na Marca das empresas

, 24/11/08

O Tiago Costa é owner da agência web Waynext. Lancei-lhe um desafio para nos explicar a importância que as Comunidades Online têm na marca de uma empresa.
Ele aceitou e eis o artigo dele. Obrigado Tiago.


A relação entre as Marcas e as Comunidades online

A Web como a conhecemos em 2000 não é hoje mais do que uma miragem. E ainda bem que assim é. Actualmente temos ao nosso dispor uma vasta panóplia de serviços online que não são interessantes apenas para “geeks” para também para o comum dos mortais para quem a Internet é vista como um facilitador de vida. E é neste contexto que a rede atrai consumidores e Marcas a reboque dos primeiros.
Para qualquer Marca não estar online hoje não é uma opção. Qualquer marketeer sabe por experiência própria que muitas decisões de compra começam (e algumas acabam) na Web. O marketing “boca a boca” sempre existiu desde os primórdios, mas funcionava dentro de grupos com quem os consumidores se relacionavam directamente. Esse paradigma mudou e hoje a minha opinião enquanto consumidor de um determinado produto ou serviço pode ser partilhada a alta velocidade e disseminada como se de um vírus se tratasse – para o bem e para o mal, pois claro.

Do lado da agência que lidero é frequente lidarmos com Marcas que querem abordar o mundo UGC – User Generated Content, onde se destacam plataformas de comunidades virtuais, fóruns e blogs. Interferir neste mundo é uma tentação para o marketeer; seria óptimo para a Marca conseguir influenciar positivamente a opinião de todos aqueles que antes de comprarem o seu produto, o pesquisam na Internet, mas que não se ficam pelo site oficial onde estão descritas todas as características com rigor e aquelas fotos de estúdio do produto, mas que querem comentários reais de outros consumidores e fotos sem Photoshop.

Informação sobre produtos e serviços encontra-se muito facilmente no mundo do UGC, por um lado porque existem múltiplos espaços de discussão dedicados a determinados produtos ou Marcas e por outro porque este tipo de sites são facilmente indexáveis pelos motores de busca o que lhes garante ampla visibilidade. É curioso registar que existem vários exemplos de pesquisas que têm como resultado primeiro os sites não oficiais (UGC) e só depois, mais para o fim de lista aparecem os sites oficiais em que as Marcas investiram para comunicar online.

O risco para a Marca de interferir neste mundo, que é entendido como sendo de e para consumidores, é elevado porque não sendo bem feito é facilmente detectável pelo consumidor. E neste caso, da mesma forma acelerada que o feedback se espalha, também correrá online a notícia desta interferência. Aconteceu ainda há bem pouco tempo com um dos grandes rebrandings a que assistimos no nosso País, porque a estratégia de guerrilha colocada em prática pela agência do cliente foi rapidamente desmascarada e ridicularizada.

No que toca à forma como as Marcas interferem neste território do consumidor existem diferentes estratégias; há quem opte por identificar os sites de UGC relevantes propondo-se remunerar artigos de opinião positivos sobre um determinado produto, mas há também quem tente causar impacto directo no site, deixando mensagens habitualmente demasiado positivas. A segunda forma de intervenção é normalmente a mais denunciada resultando num dano maior para a imagem da Marca do que as opiniões menos abonatórias que já pudessem constar desses sites.

É por isso que este tipo de operações exigem um planeamento detalhado e uma ampla avaliação do que já se diz sobre a Marca no online e onde é que se encontra essa informação. Cada tipo de plataforma exige uma aproximação distinta e carece de um registo específico, definido pelo próprio consumidor, para que no fim, a tentação da Marca saltar o muro não termine com uma ligadura no joelho. Porque aqui quem marca o ritmo não é a Marca, mas o consumidor.

4 comentários:

  1. Luís Fonseca disse...

    Esta rápida evolução tecnológica, está a levar-nos para um marketing intrusivo de mais. São os sms, os e-mails, enfim, estão sempre a surgir coisas novas. O UGC talvez seja dos mais recentes, e talvez dos mais intrusivos. E quando todas as empresas o quiserem fazer? E qual será a reacção dos consumidores quando se aperceberem da sua dimensão? Que alterações surgirão nessas redes, que até agora eram uma maneira de cada um fazer a internet à sua maneira?

  2. Anónimo disse...

    O marketing digital como qualquer outra displicina afim está sujeito a processos de evolução, que neste caso particular são especialmente rápidos. Penso que neste momento a web como a conhecemos ainda não é o tal meio tão personalizado que tem sido aclamado e divulgado. Estou certo que o futuro trará maiores evoluções. Espero pelo dia em que quando pesquisar "kite" no Google, como o meu interesse não é nos papagaios de papel mas no desporto "kitesurf" o Google saiba isso mesmo, através de todo o meu histórico de search e me traga apenas resultados relacionados com aquilo que vai de encontro ao perfil.

    Independentemente disto, penso que a publicidade online das marcas tem sofrido uma forte evolução. Começamos há 10 anos com os velhinhos links de texto (ainda me lembro dos programas de trocas de links) e hoje em dia temos peças sofisticadas, em formatos gigantes, com vídeo e interacção forte com o consumidor. Penso que na área do UGC isto não será diferente; aquilo a que assistimos agora são apenas os primeiros passos (e por vezes imaturos) das marcas nesse meio, embora já se vejam algumas coisas muito interessantes, o futuro promete mais e melhor. Quanto à saturação, como em quaisquer outros meios o mercado fará a selecção natural. A saturação trás a quebra no retorno motivado pelo desinteresse do consumidor e força as marcas a adaptarem-se e procurarem inovação.

    Por outro lado não espero uma invasão em massa das marcas no UGC a médio prazo, porque na minha opinião nem todas têm perfil para esse tipo de proximidade com o consumidor. Certo é porém que o volume de contactos seja via email, sms, comunidades online, etc vai continuar a crescer, mas isso é uma tendência geral e não específica do digital.

  3. Unknown disse...

    Muitas vezes é difícil que as marcas entrem nestes espaços, até porque os consumidores são muito relutantes à invasão do seu "espaço". Senão, como frisou o Luís, as empresas podem correr o risco de serem intrusivas e penalizadas por isso.
    Na tua opinião, quais são as melhores formas de uma marca se aproximar dos seus consumidores nestes tipos de conteúdos?

  4. Anónimo disse...

    Penso que a melhor forma é fazê-lo de forma directa e não dissimulada.

    Quando a Marca pretende intervir deve fazê-lo de forma declarada, seja por exemplo, para responder a uma crítica sobre um produto seu num fórum, ou até para ter visibilidade num espaço online onde existe afinidade.

    Neste segundo cenário deve acrescentar valor com algo que seja procurado pelo consumidor (mais informação sobre o produto, oferta de entertenimento ou conteúdos associados de valor acrescentado, etc)

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